E
no fim de tudo aqui estou com meus eus e eles comigo. Descubro-os em cada
esquina da casa, em cada aresta do quarto, em cada poeira escondida nas rugas
de meu rosto. Em muitos momentos, quando sinto que uma solidão amuralhada
ameaça tomar corpo dentro de mim, procuro encontrar um eu que me mostre lá
fora os pequenos rodamoinhos de vento levantando flocos de neve em espirais,
como poeira e tento encontrar na memória uma recordação infantil. Então retiro
da gaveta da mesa uma caneta e um livro de lombada vermelha e capa dourada
(papel macio cor de creme, ligeiramente amarelado pelo tempo) e começo a marcar
o papel colocando nele toda a minha inquietude. Ali escrevo um monólogo que se
desenvolve em minha mente e aos poucos vou empurrando, afastando os medos e num
sussurro libertador, parto em busca de meus outros eus para neles encontrar
abrigo.
Sobre mim

Ana Maria de Souza Lopes
Sou natural de Juiz de Fora, uma cidade fincada no interior das Minas Gerais.
Meu contato com crianças de periferia, bem como as histórias ouvidas na infância, permitiram-me apurar o olhar e os sentidos para melhor compreender o mundo ao meu redor.
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