Depois foi Cora que chegou com seu jeitinho manso, calmo, quase
ingênuo e logo se juntou a Alice. Com seus pés descalços e passos firmes pelo
chão de terra batida, veio para equalizar meu mundo que andava meio fora de
sintonia mergulhado em profusão de rosas e lilases. Cora logo deu a mão a Alice
e não tardou muito para que começassem a caminhar juntas alternando sonho e
realidade. Tornaram-se companheiras inseparáveis e, aos poucos, aprumaram a
vela do meu barco que estava a navegar meio sem rumo, quase à deriva, envolto
entre tantos sonhos. Quando Cora apareceu, assim como quem não quer nada, meu
coração tomou-se de um grande susto, um grande desassossego. Não esperava
tamanha simplicidade, tamanho desapego das coisas (objetos) que, na verdade,
não têm a menor importância. Foi aí que descobri que poderia levar a vida entre
sonhos sonhados e sonhos reais sem abrir mão de minha essência. Cora me ensinou
que a vida não precisa ser inventada, basta ser vivida com simplicidade e
ternura sempre. E lá fui eu separar as pedras que havia ajuntado durante tanto
tempo. E então comecei a escrever poemas...
Ana Lopes
ByLopes
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